Rússia posiciona navios de guerra na Síria
A Rússia está  posicionando navios de guerra em sua base na Síria  [1]. O grupo de  combate inclui o porta-aviões lança-mísseis “Almirante  Kuznetsov”. O  deslocamento está sendo apresentado como movimento  pré-planejado, sem  qualquer relação com a montante tensão na Síria, mas  acontece depois de  os EUA terem despachado para a Síria o Grupo de  Naves de Ataque “George  H.W. Bush”. 
Por M.K. Bhadrakumar, no Indian Punchline
 
Crescem as especulações de que estaria em preparação uma “intervenção humanitária” do ocidente contra a Síria.
EUA e Turquia alertaram seus cidadãos para que deixem o território  sírio. A Liga Árabe está-se unindo à União Europeia na questão síria.  Mais uma vez, a França aparece à frente. Interessante: a Turquia foi  convidada a participar da reunião de ministros de Relações Exteriores da  União Europeia em Bruxelas [2]. Todos esses passos são rigorosamente  idênticos ao que se viu pouco antes da “intervenção humanitária” do  ocidente contra a Líbia. 
Porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia disse, na  sexta-feira, que: “a situação dos direitos humanos num ou noutro país  pode ser, evidentemente, objeto de preocupação internacional, mas em  nenhum caso se pode admitir que questões de direitos humanos sejam  usadas como pretexto para qualquer tipo de intervenção nos assuntos  internos de estados soberanos, como se vê acontecendo hoje, no caso da  Síria. Cabe aos sírios decidir sobre o próprio destino, sem qualquer  tipo de ‘empurrão’ vindo do exterior. A Rússia de modo algum aceita  qualquer tipo de cenário que inclua intervenção militar na Síria”. 

Há notícias ainda não confirmadas de que haveria assessores russos já  trabalhando com os sírios para a instalação de um avançado sistema de  mísseis S-300 – que tornará extremamente arriscada, para o ocidente,  qualquer tentativa de implantar na Síria alguma “zona aérea de  exclusão”, como fez na Líbia. 
A grande pergunta é se haverá ou não disputa aberta entre EUA e Rússia,  pela Síria. Para os EUA, uma mudança de regime na Síria abre caminho  para, na sequência, atacarem o Hamás e o Hezbollah, o que isolaria o  Irã. As apostas são altíssimas. Para a Rússia, perder a base naval de  Tartus seria golpe grave, que reduziria muito a capacidade de operação  dos russos no Mediterrâneo; além, claro, de perderem a Síria, seu antigo  aliado. Do ponto de vista dos EUA, uma disputa aberta entre EUA e  Rússia teria implicações em várias questões importantes – a finalização  da guerra do Afeganistão, o problema nuclear iraniano, as tensões  EUA-Paquistão, etc. 

Significativamente, o Kremlin já mandou a Pequim e Teerã o  embaixador russo na Otan, Dmitry Rogozin [3], para consultas sobre o  sistema de mísseis de defesa de EUA/Otan. Até agora, os russos vinham  discutindo o sistema de mísseis antibalísticos (ABM) como problema  bilateral entre russos e norte-americanos. Nesse momento, os russos  investem mais em interesses comuns que os aproximem de China e Irã. Essa  mudança tem implicações profundas para a segurança regional na Ásia  Central e Sul da Ásia e para o Oriente Médio. (...)

Notas dos tradutores
[1] 28/11/2011, Russia News, Sea alert: Russian: warships head for Syria   
[2] 28/11/2011, Zaman, France invites Turkey to EU meeting on Syria
[3] 28/11/2011, RIA NOVOSTI, Russia’s NATO envoy to visit China, Iran over missile defense
*MK Bhadrakumar foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia.  Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha,  Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em  questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e  segurança para várias publicações, dentre as quais The Hindu, Asia  Online e Indian Punchline. É o filho mais velho de MK Kumaran  (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de  Kerala.
Retirado do vermelho.org.br
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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