Com uma carreira reconhecida internacionalmente, a comandante, ainda que ocupe tal posição, é dona de uma simplicidade desconcertante, não dispensa um shopping e se considera vaidosa, “porque é algo que faz bem para a autoestima”.
‘Entrei de gaiato no navio’
O hit dos Paralamas do Sucesso se encaixa bem na história da primeira mulher comandante da Marinha Mercante do Brasil. Bahia conta que entrou no concurso da Transpetro para incentivar o irmão. “Foi a primeira turma de meninas aberta para a Marinha Mercante. Na época eu não tinha noção da diferença entre Marinha de Guerra e Mercante”, admite. Aluna de Ciências Contábeis, lembra que nem tinha tempo para estudar para o concurso e, logo na primeira fase, foi classificada, ao contrário do irmão, que não teve o mesmo sucesso.
Depois das fases teóricas, o desafio não diminuiu. Foi a vez do teste físico, que incluía uma prova de natação. Detalhe: ela ainda não sabia nadar. “Quinze dias antes da prova procurei um professor. Expliquei que tinha só esse tempinho até enfrentar uma prova de natação de 50 metros para um concurso da Marinha. Surpreso, ele perguntou: ‘Agora é que você vem treinar?’”, relembra. Mas a paraense conseguiu fôlego necessário para ter êxito no teste físico. E mais. “Nunca tinha corrido na vida e tirei primeiro lugar na prova. Depois fui chamada até para participar da equipe de atletismo da Marinha”, orgulha-se.
Cotidiano militar
Integrante da primeira turma do Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA), em Belém, no Pará, ela conta que, das 12 meninas que entraram, apenas três não completaram o programa. As mudanças se deram apenas na infraestrutura do curso, como alojamentos e uniformes, para receber as novas integrantes. “Éramos as estrelas da escola. Sempre surgiam alguns integrantes do alto comando militar e também alguns executivos de grandes companhias que estavam interessados em saber como andava a turma feminina da CIABA”, diverte-se.
Comandante Hildelene O primeiro embarque se deu em 1998. Após escolher ser oficial de náutica, ela embarcou para a praticagem (estágio final do curso) no navio Lorena, da Transpetro, onde a sua carreira deslanchou. “Foi no Lorena que me formei. Lá também fui convidada para o posto de 2º oficial de náutica e, depois, para o de 1º oficial. A seguir fui a primeira mulher a ocupar o cargo de imediato e, por fim, me tornei comandante“, orgulha-se.
Para ela, o apoio foi fundamental para conseguir alcançar tamanha posição. “Meu comandante foi o meu principal incentivador, além da empresa que investiu muito nas profissionais mulheres. Eu mesma titubeava, no princípio, em assumir tamanha responsabilidade, mas eles próprios diziam que eu já estava pronta para comandar”, revela.No mesmo Lorena, Hildelene conheceu sua alma gêmea. Ainda no posto de 1º oficial, iniciou um relacionamento com o então estagiário Paulo Roberto de Moraes, hoje na função de 1º piloto e seu atual marido. Mas a vida pessoal é devidamente separada da profissional, ela garante: “Assim que iniciamos, decidimos trabalhar em navios diferentes para não atrapalhar a carreira de nenhum dos dois”. Com uma rotina em que passa dois meses embarcada e o seguinte de folga, a comunicação entre o casal se restringe à internet.
Quando foi efetivada como comandante, Hildelene se tornou a primeira a conseguir o feito, à frente do navio Carangola. “É um desafio muito grande. Você tem que se impor e saber usar a voz de comando para lidar com oficiais que não estão acostumados com a presença da mulher nesse ramo, principalmente os mais antigos”, destaca.
Estar no controle de um petroleiro navegando por dois meses ininterruptos também tem as suas vantagens. “Eu já conheci muitos lugares do mundo. Quando aportamos por mais de dois dias, consigo tirar um pelo menos para passear e fazer algumas fotos, coisa que adoro”, diz. Mas em alguns pontos do planeta a navegação não foi tão tranquila. “Já peguei tempos muito instáveis no Estreito de Magalhães, onde fiquei sete meses, e também no Sul da África”, recorda.
Outro episódio curioso aconteceu em uma aportagem no Bahrein. “Como é um país de cultura islâmica, a mulher é muito submissa ao homem. Foi interessante observar a reação deles quando me viram no comando da embarcação. Apesar da rejeição inicial, provei com a minha capacidade que era habilitada para aquilo e eles passaram a me respeitar”, comemora.
Retirado do Blog Bolsa de Mulher
um grande feito teve essa mulher que passou por cima das diferencias e da ignorância humana e provou não só para os brasileiros mas também para os islamitas que é possível sim a mulher comandar, e tenho orgulho de ver que tem gente da minha gente fazendo historia no mundo inteiro, provando assim que no nosso Pará existem pessoas esforçadas a mudar o mundo.
ResponderExcluirGostei muito do que li..